
(Sim senho! Eu sou matuto)
Welton Melo
Sim senhor seu doutor!sou um matuto.
Eu não sou descendente de burguês
O meu pai foi cabôco,cabra bruto
Que se quer dominava o português
Minha mãe zeladora da palhoça
Que findando o serviço ia pra roça
Pra cuidar com papai da plantação
No caminho eu ainda bem moleque
Caminhava com um par de currulepe
Que as pegadas ficavam pelo chão
Quando alguém me pergunta donde vim
E percebo algum AR de ironia
Eu respondo pra o cabra mermo assim:
-Eu nasci La na terra da poesia
Sou um filho fiel do Pajéu
La da terra de Jó, Zeze Lulu
E do grande poeta Lourival
Me desculpe seu moço a expressão
Mas não troco metade dum Sertão
Em quarenta ou cinqüenta capital
Eu num sei Cuma é que inda tem gente
Que esconde a origem donde veio
Desse povo nasci tão diferente
Pois me orgulho das coisas do meu meio
Pro senhor seu doutor ter a idéia
Se alguém perguntar numa platéia:
- tem alguém nesse mei que é do sertão?
A pergunta me serve como um hino
E pode ter uns 70 nordestino
Mas eu sou o primeiro a dar com a mão
Sou assim seu doutor,sou livro aberto
Minha história ta ai pra o povo ler
Quem quiser perguntar Chegue pra perto
Me pergunte que eu posso responder
Me criei com cuscuz,com rapadura
Vim aqui pra mostrar minha cultura
Pra o povo que mora na cidade
Sou matuto, doutor mas sou feliz
Porque planta que cresce sem raiz
Não resiste a primeira tempestade
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