sábado, 23 de outubro de 2010

***Aborto***


História de um abortado
(Welton Melo)

Minha história meu Deus, foi muito curta.
Teve um fim muito antes do começo
Eu fui fruto do erro de dois seres
E pelo erro dos dois paguei o preço.
Fui gerado num ventre inconseqüente
De uma mãe imatura e adolescente
Que gerou-me por meses sem saber,
O meu pai não passava de um drogado
Que ao saber que seu filho era gerado
Já pensava impedir-lhe de nascer

Minha mãe ao saber que ia ser mãe
Já jogou-me uma praga muito forte
Fez promessas pra tudo que era santo
Implorando por Deus a minha morte
Ao ser posta de casa para fora
Lamentou o passar de cada hora
Sem comida,sem teto e ombro amigo
Foi atrás de meu pai com a esperança
De ao lhe dar a noticia da criança
Ele a desse conforto e desse abrigo

Mas chegando encontrou papai drogado
Que ao ouvir a noticia que ela deu
Ao invés do sorriso deu um grito
Respondendo: Esse filho não é meu!
Minha mãe cabisbaixo e sem resposta
Olhou olho no olho e deu as costas
Se ausentando dali no mesmo instante
Foi então que saio sem ter roteiro
Sem abrigo,sem rumo e sem dinheiro
Carregando a tristeza em seu semblante

Eu pequeno no ventre já sabia
Que quem tinha o meu sangue me odiava
Só não pude jamais imaginar
Que a morte cruel já me esperava
Me odiavam por que? Se afinal
Pra ninguém eu havia feito o mal
Inocente eu se quer tinha nascido
Se o destino pra todos é traçado
Quem traçou os meus traços tava errado
Pois eu tive o destino interrompido

Minha mãe planejou tirar-me a vida
Alegando ser essa a solução
Ingerindo diversos comprimidos
Sem um pingo se quer de compaixão
Eu tão frágil,pequeno e indefeso
Em um ventre apertado vi-me preso
Foi ai que senti-me quase morto
Sem carinho de mãe, sem alegria
Me impediram de ver a luz do dia
E me botaram pra fora num aborto

Vendo ela o seu feto já sem vida
Sem remorso nem um da covardia
Foi igual a um bicho peçonhento
Que depois de parir devora a cria
Me botou numa bolsa e jogou fora
Botou óculos escuro,foi embora
Esquecendo de tudo que passou.
Minha história foi curta mas sofrida
Pois a mesma mulher que deu-me a vida
Foi aquela que a vida me tirou

Quem sou eu

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Sou mais um que nesta terra de poetas não sei se sou Poeta ou Louco,mas depois de ter me banhado nesse rio de versos posso afirmar com toda certeza que nem todo louco é poeta mas que todo poeta é completamente louco; Loucura essa que o faz ver a vida com outros olhos. Dêem Viva o Verso! Visitem meu blog: vivaoverso.blogspot.com